sexta-feira, 1 de abril de 2011

A Oração da Ave Maria



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‘Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco, bendita sois vós entre as mulheres, bendito o fruto do teu ventre, Jesus. Santa Maria, mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amém!’

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Vamos começar este comentário fazer uma ligeira anatomia de alguns retalhos:


No Evangelho de Lucas – 1.28 e 30 – encontramos o início de um rápido diálogo entre o anjo Gabriel, enviado da parte de Deus, conforme 1.26.


Ave Maria – Nas traduções mais aceitas, o anjo inicia seu diálogo com a orientação para que Maria se alegrasse – Alegra-te. A saudação ‘Ave Maria’ era comum naquela ocasião de dominação romana. Era assim que as pessoas se cumprimentavam.


O anjo continuou dizendo a Maria ser ela muito favorecida, ou muito agraciada. Ou seja, Maria, por seu testemunho de uma serva fiel ao Deus Vivo, foi inundada pelo derramar da graça de Deus, tornando-se assim cheia da graça. A palavra graça significa favor não merecido, pois, na condição de pecadores*, nada há em nós que justifique a bondade de Deus em nosso favor, a não por sua graça.


* Romanos 3.23 nos faz lembrar que ‘todos pecaram e necessitam da glória de Deus’; o texto do apóstolo Paulo nos mostra que todos pecaram e a palavra todos não exclui nenhum dos humanos de todos os tempos. Em Romanos, ainda, 3.10, lemos que ‘não há justo, nem sequer um’.


Voltando às primeiras palavras do anjo, elas se concluem com a afirmativa de que Deus era com Maria, ou seja, Deus estava ali, visitando a sua serva amada.


Ato contínuo, Maria se perturbou e procurou entender o que significaria aquela visitação sobrenatural, bem como aquelas palavras trazidas a ela da parte de Deus. Sua atitude representa uma atitude de humildade, mas, sobretudo, o sentimento que se tem quando não se sente à altura das coisas que nos sobrevêm. Maria deveria saber de sua condição humana; a Lei Mosaica era um aio muito difícil de ser cumprido na sua integralidade e os religiosos de então ou se aferravam na sua religiosidade hipócrita ou se afundavam no sentimento de culpa com a oferenda contínua de sacrifícios que lhes trouxessem uma breve alegria por poderem se considerarem justificados e aptos para desfrutarem da presença de Deus. Ela temeu – Lucas 1.30 – eventualmente por se sentir diante de um tribunal e não diante do Deus gracioso.


Os textos ‘bendita sois vós entre as mulheres’ e ‘bendito é fruto do seu ventre’, referem à declaração profética proferida por Isabel, sua parente, conforme relato de Lucas 1.39-45.


Ambas estavam grávidas; A gravidez de Isabel era cerca de seis meses mais do que a de Maria. O bebê de Isabel – João Batista, o profeta – já se revelava ‘voz do que clama no deserto’ e foi instrumento para que sua mãe, tomada pelo Espírito Santo, pudesse exclamar palavras tão significativas.


Ela não declarou Maria como sendo sua mãe, mas como a mãe de seu Senhor. Ou seja, colocou Maria na condição de instrumento, e destacou a figura central da obra salvífica: Jesus, o Senhor. Nota: Se Jesus é Senhor, Maria não pode ser Senhora. A Bíblia não nos sugere, em nenhum momento, uma relação de co-senhorio Jesus-Maria e, além do mais, afirma que ninguém pode servir a dois senhores, afora a afirmação de que Jesus é o único intercessor entre Deus e os homens. O livro aos Hebreus nos trazem uma clara demonstração do que representa Jesus para os filhos de Deus, não havendo espaço para elevar Maria a um nível de Quarta Pessoa da Santíssima Trindade.


Assim, a primeira parte da Oração da Ave Maria é ajuntamento de parte das declarações do anjo Gabriel e das declarações profética de Isabel, sua parente.


A segunda parte da oração é a parte herege da oração, muito embora o simples fato de se levar orações aos mortos – Maria morreu, não ressuscitou e nem foi assunta aos céus, pelos relatos bíblicos – no afã de solicitar sua intercessão já caracteriza ato decorrência de interpretação errônea da Palavra de Deus. Jesus, ao nos deixar uma oração modelo, assim nos sugere: ‘quando orardes, orareis assim: Pai Nosso, que estais nos céus ...’, conforme Mateus 6.9.


Voltando, então, à segunda parte da Oração da Ave Maria, Maria não é mãe de Deus, tendo sido um instrumento através do qual Jesus se manifestasse em carne. Em sua próprio cântico – Lucas 1.46-55 – ela mesma se declarou serva de seu próprio filho.


Religiosos pagãos têm ensinado a intercessão de Maria, bem como a de outros servos do Senhor, de outras gerações, desviando a verdadeira adoração devida apenas a Deus para dedicar seus cultos, orações, preces, venerações etc a outras entidades. Em Êxodo 20 lemos sobre as Dez Leis de Deus cujos primeiros versículos nos ensinam sobre a termos outros deuses diante de Deus e nem fazermos para nós imagens de escultura, bem como a não lhes atribuirmos nenhuma sorte de culto, de nenhuma maneira, sob nenhum título sinônimo.


Além do que, todos os textos neo-testamentários sobre oração nos advertem a levarmos nossas orações apenas a Deus, em nome de Jesus.


Quem quiser dar prioridade à Oração do Pai Nosso, de coração sincero, nunca mais proferirá a Oração da Ave Maria, pois naquela oração lemos que ‘Venha o Reino de Deus’ e ‘seja feita a Sua [de Deus] vontade’.


Maria nunca deixará de ser aquela que um dia foi cheia de graça, bem-aventurada, bendita entre as mulheres, serva do Senhor, cheia do temor do Senhor, obediente, humilde, dentre tantos outros atributos.


Mas, como escreveu o apóstolo aos Romanos [11.36]: ‘porque dEle e por meio dEle e para Ele são todas as coisas. A Ele, pois, a glória eternamente. Amém.’


Agora e na hora da nossa morte. Amém!

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